segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Uma estrada pouco conhecida...

Havia em uma terra muito distante, uma estrada que o povo da cidade denominava de “Estrada para lugar nenhum”, todos a conheciam por aquele nome, e alguns curiosos tentavam descobrir onde ela dava. Um dia um menino resolveu conhecer aquela estrada e saber se ela realmente não dava em lugar nenhum.

Um dia ele acordou com uma vontade enorme de seguir naquela estrada e então foi naquela direção, apesar de todos os alertas que recebera. Diziam a ele: Não vá naquela direção! É perda de tempo! Esta estrada não dá em lugar nenhum!

Mesmo com todas estas palavras o menino estava decidido! E então ele foi até aquela estrada, ele percebeu que o caminho tornava-se mais árido cada vez que ele se aproximava daquela estrada. Observou que a vegetação ao redor ficava seca e o chão começava a ficar rachado. Ainda, assim ele não desanimou com a vista que tinha da paisagem. Ele andou mais e começou a avançar, teve vontade de voltar, mas então viu algumas pessoas à beira da estrada e resolveu interpelá-las:

- O que fazem aqui? Perguntou o menino.

Uma das pessoas respondeu:

- Estamos aqui a dias, estamos com muita sede, nós queremos voltar para a cidade mas já não temos nem forças para isso! Antes tivéssemos ficado na cidade a ter que vir até aqui e parar no meio do caminho.

- Mas porque resolveram seguir esta estrada? Indagou o menino, estranhando aquele número tão grande de pessoas parados à beira do caminho (por um instante ele temeu ter que parar por ali também).

-Estávamos tão cansados na cidade, e achamos que encontraríamos algo novo aqui, mas logo veio a sede, a fome, o medo, e a estrada foi ficando cada vez mais estreita e a vista cada vez mais desagradável...

O menino logo parou de ouvir aquelas pessoas pois viu algo de estranho no semblante delas que o deixava igualmente triste e sem ânimo, decidiu continuar o seu caminho e foi então em busca de uma resposta. O que havia de fato naquela estrada? Por quê as pessoas desanimavam tão fácil e rápido? Aquelas pessoas não poderiam estar ali a dias, ele só havia saído da cidade algumas horas!

Ele agora percebia que a estrada estava mesmo muito mais estreita, e era difícil caminhar em um terreno tão acidentado... Mas havia algo nele que o impulsionava a continuar. Após algum tempo ele conseguiu avistar algo ao seu redor, aquela terra tão seca estava agora com alguns brotos de grama espalhados pelo caminho, apesar de tão pequenos eram para ele sinais de que havia vida ali. Ele olhou mais uma vez e viu um tronco caído quase despedaçando mas que servia de abrigo para pequenos animais...

A vontade de prosseguir continuava, ele percebeu que já distava da cidade quase um dia, então viu algumas árvores ao longe, percebeu que eram frutos e resolveu correr, suas forças não tinha se esvaído pois tinha se lembrado de levar água e pão antes de prosseguir no seu caminho. Ao chegar naquele lugar que mais parecia um “oásis”, ele conheceu outras pessoas. Como elas eram diferentes das pessoas da cidade! Não eram mais bonitas ou melhor vestidas mas pareciam mais felizes, pareciam tão mais tranqüilas. Seria a música daquele lugar? Seriam os frutos ou a água? Não parecia ser só isso...

Viu que havia uma única casa e uma única mesa naquele lugar, ele então pensou: Eles estão sempre juntos, fazem todas as coisas juntos, não pareciam só um ajuntamento de pessoas. Aquilo era tão diferente, eles faziam as coisas de forma tão coordenada que mais pareciam formigas, ou abelhas, eles tinham tudo em comum. Seria esta a resposta, talvez assim as pessoas da cidade poderiam viver melhor. Talvez assim não seriam tão infelizes e cansadas no dia-a-dia. Ele sentiu vontade de ficar ali para sempre, mas lembrou-se de seus pais, irmãos e então pensou imediatamente em voltar e contar para todos o que vira, ele queria que seus amigos vissem isso e quem sabe passassem a viver assim também.

Ele correu, correu como nunca, estava tão feliz, havia descoberto o que ninguém tinha tido coragem de encontrar, afinal ele tinha ido até o fim. Mas, ao chegar a cidade, ninguém o ouvia, estavam todos tão ocupados! Ele tentou, tentou, ele gritou, chegou a falar nas praças, mas não desistia ele queria que todos conhecessem aquilo. Ele queria que soubessem que era possível, haviam pessoas que viviam assim, felizes, ajudando umas às outras logo ali tão perto na distância de um dia da cidade, todos poderiam aprender com eles...Mas ninguém o ouvia!

Então entendeu que não podia convencer ninguém com seus argumentos, assim ele não conseguiria, foi aí que decidiu mudar a placa que dava nome aquela estrada, ele mesmo fez a placa e a colocou logo na beira daquela estrada, arrancou e destruiu a placa que dizia estrada para lugar nenhum e colocou uma placa com os seguintes dizeres:

“O CAMINHO DA DECISÃO: AO ENTRAR NESSA ESTRADA TENHA SEMPRE PÃO E ÁGUA”

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